Hoje acordei com a sensação de que o meu sonho tinha, efectivamente, acontecido.
Como a noite anterior fora bem regada, procurei uma dor de cabeça ou algum mal-estar físico: vestígios de ressaca não existiam. Em mim e comigo só habitava aquela escabrosa sensação de inércia e apatia que, por mais que me esforce, não consigo explicar.
Levantei-me e fui, descalça como de costume, lavar a cara que, além de ter o vinco da almofada, não escondia a violência da noite anterior.
Sentei-me no confortável sofá da sala e olhei para o dia de sol. Mais descontraída, ou pelo menos com mais certeza de que já estava, realmente, acordada liguei a televisão e fiz um zapping pelos canais da Meo.
Sem qualquer aviso prévio, sem uma música, imagem ou atitude que o fizesse adivinhar, percebi que as lágrimas caíam copiosamente pelo meu rosto.
Foi exactamente nesse momento que voltei ao sonho, nele eu tinha-me apaixonado.
"Yo sueño que estoy aquí
destas prisiones cargado,
y soñé que en otro estado
más lisonjero me vi.
¿Qué es la vida? Un frenesí.
¿Qué es la vida? Una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño:
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son. "
Pedro Calderón de la Barca, La Vida es Sueño.
2 comentários:
Ao ler o que escreveste até a mim me fizeste chorar...
Ai essas noites regadinhas, amiguita!!! Porte-se bem!
Beijinhos
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