Este fim-de-semana fui até à "Pérola do Sado" na companhia das irmãs Ferventis. Depois de termos já recusado dois convites para participar no Acordes, Festival de Tunas Femininas organizado pela Tuna Sadina, à terceira foi realmente de vez!!
A preparação para o Acordes, que este ano cumpriu a sua IX edição, começou muito antes do fim-de-semana da sua realização propriamente dita. Ao longo do último mês e meio as caloiras e projectos desta fabulosa tuna tiveram que enfrentar grandes e arriscados desafios. Estes passaram por pôr à prova a sua criatividade e originalidade com a realização de poemas com palavras-chave sobre a temática, a adaptação do conhecido sucesso "És tão sensual" do, não menos conhecido, sadino Toy e a sugestão de uma entrada à altura do Acordes e que transmitisse a nossa atitude em relação a esse, e a todos afinal!, festival. As provas pré-Acordes puseram, também, à prova a memória das nossas caloiras e projectos: a cada uma delas foi atribuído um poema de Bocage que, sempre que lhes fosse solicitado, deviam declamar.
Antes de continuar com a descrição deste fim-de-semana devo dizer, ao leitor mais curioso, que todas as provas foram amplamente superadas!
Dia 1: sexta-feira, 16 de Abril.
Hora de Saída: 20:00
Hora de chegada a Setúbal: a) pela primeira vez - 23:50 e b) pela segunda vez: 01:00
Meio de Transporte: a carrinha dos pais da Liane (a única carrinha que durante horas conseguiu transportar um autocarro lá dentro!)
Condutora: Liane
Estavam reunidos todos os ingredientes propicios à festa: alegria, companheirismo, música, boa-disposição e MOITA VELHA!
Após a reunião da "turma", rumámos em direcção a Setúbal e, apesar de não o sabermos ainda nessa altura, à Marateca. Resumindo, e quem foi sabe que estou a resumir, foi uma viagem muito bem passada, cheia de momentos para recordar, peripécias originais e à imagem desta tuna!!
Talvez o leitor desconheça, mas normalmente nestes festivais existe um, às vezes mais, guias que têm o papel de guiar a tuna é, no fundo, um intermediário entre a tuna organizadora e as tunas convidadas. O nosso, Fura - é a pura da loucura, ainda não nos tinha conhecido e já nos estava a mandar de volta para o Algarve.
Explico: por motivos de imprecisão geográfica, falta de comunicação e outros, as orientações que o Fura nos deu levaram-nos a entrar na A2 com destino a Alcácer do Sal (51 km). Ora, depois de "panicarmos" e já com o pensamento nos mais de 100km que teríamos que fazer para ir até Alcácer e regressar a Setúbal, vimos, passados uns 20km, a saída MARATECA. Acho que, se Marateca fosse uma pessoa, ter-lhe-íamos dado um beijo!!
Mais descontraídas (e animadas!) regressámos a Setúbal! Em Setúbal fomos recebidas pelo Fura, o guia, e a Andreia que já por lá andava desde as 21h. Deixámos a bagagem no ginásio da escola comercial, local onde iriamos pernoitar no fim-de-semana, e ainda houve oportunidade de brindar com vinho do porto que a Meuf, que entretanto tinha chegado também à cidade depois de perder um comboio e da máquina dos chocolates lhe ter ficado com 10 euros, trouxe da Invicta.
A noite ainda agora estava a começar para nós! Saímos do ginásio em direcção à zona dos bares da cidade, não me recordo do nome do primeiro mas sei que lá nos encontrámos com a Tuna Sadina (organizadora do festival), Tafué (tuna participante) e com a Estuna (tuna convidada). À chegada, receberam-nos com um enorme sorriso nos lábios e um copo de sangria na mão e como "resposta" devolvemos sorrisos e cantámos uma canção ao IX Acordes e à Tuna Sadina!
A noite foi acontecendo por terras do rio Sado: karaoke (com direito a discos pedidos!); Moita Velha, Brindes; declamação de poemas; hambúrgueres com ervilhas; cocktails de melão (sem álcool!!); animação na coluna; serenata aos porteiros; partilha de segredos; conversas do "arco da velha"; duche de água fria; "tralhos" nos balneários...
Dia 2: 17 de Albril
Alvorada: 11 horas com a já conhecida "Poesia" do duo SãoLindas (que aliás nos acompanhou exaustivamente durante todo o fim-de-semana).
Duas (ou três) horas volvidas dos episódios descritos antes, acordámos com o humor matinal que caracteriza um grupo como o nosso "O que tem que ser...tem que ser!"
Rapidamente (tendo em conta que éramos 16 mulheres) nos trajámos e organizámos para começar um mini ensaio antes de partirmos para o almoço: cantaram-se os êxitos e o grupo aproximou-se ainda mais. Já começava a dar aquele frio na barriga, aquele nervosismo miúdo de festival.
O almoço foi servido numa magnífica esplanada na margem do Rio Sado e tivemos a oportunidade de provar algumas das iguarias do restaurante. Os ânimos ficam mais despertos e a música começou a ouvir-se. A partir daí nunca mais ninguém nos consegiu "calar". A nós e às queridas da Tafué que, sendo mulheres tão festivaleiras, não se podiam deixar ficar atrás!
Depois do almoço estava programado uma visita às caves da Bacalhôa (lugar onde se produz o Moscatel de Setúbal) seguido de um passeio pela Serra da Arrábida. Na Bacalhôa ficámos deslumbradas: milhares de hectares de vinha que produzem não só o famoso Moscatel de Setúbal como alguns vinhos de nome sobejamente conhecido: Periquita ou JPazeitão. Na estufa, 5 mil pipas de vinho fazem o seu estágio antes de serem engarrafados e exportados (40%) ou postos à venda no nosso país (60%). No final da visita, o momento pelo qual esperávamos antes mesmo de esta começar, a prova de vinhos Moscatel e outro, cujo nome, sinceramente, não me recordo.
Regressámos a Setúbal, à Praça do Bocage, mas antes tivemos oportunidade de passear pela magnífica Serra da Arrábida. Que paisagem excepcional! (Um passeio que recomendo vivamente ao leitor que não conhece!) Um final de tarde relaxado e cheio de cantorias!
Na Praça do Bocage, já com os primeiros sinais de cansaço a aparecerem, tocámos, cantámos e encantámos na companhia da Inspiritus Tuna e Tfisel. O destino seguinte era o Anunciada, local onde realizar-se-ia o festival, que nos recebeu debaixo de uma forte chuva. À chegada ao Anunciada, mais amigos: O Bivalves, o Sandokan, o Mirra e o Jay Cee fizeram-me uma visita e foi um enorme gosto vê-los ali!!
Ao jantar...a tradicional feijoada de chocos que, sinceramente, nem consegui saborear como era suposto devido às circunstâncias de pré-actuação. (Fica prometido o regresso a Setúbal para saboreá-la como merece!)

A actuação: correu bem, dentro do que tinhamos planeado. Penso que foi uma actuação coerente, com alguns erros mas com um à vontade muito grande, também. Serviu para identificarmos falhas e para, a partir daqui, corrigir e seguir em frente. Foi uma actuação envolvente, eu pelo menos enquanto tunante achei que estávamos todas na mesma onda e isso foi muito importante! No final da actuação um regresso ao Anunciada mas, desta vez, para ser espectadora entusiasmada da actuação da Tafué (não me recordo da última vez que vi uma tuna feminina!).
No final do IX Acordes o júri decidiu: Melhor Tuna: Tuna Académica Feminina da Universidade de Évora; Melhor Solista: Tuna Feminina do Isel; Melhor Estandarte: Tuna Académica Feminina da Universidade de Évora; Melhor Pandeireta: Tuna Académica Feminina da Universidade de Évora; Melhor Instrumental: Tuna Académica Feminina da Universidade de Évora. A Tuna Sadina atribuiu, ainda, o prémio de Tuna + Tuna à Feminis Ferventis - Tuna Académica Feminina da Universidade do Algarve. Foi um enorme orgulho recebê-lo!!!
A festa continuou no Design com a presença da Tuna Sadina, da Feminis, da Tafué e da Estuna que celebraram este Acordes até altas horas da madrugada!!
De regresso ao Algarve, muitas histórias na mochila e sentimentos partilhados. Foi mais um fim-de-semana em família pleno de reencontros e de surpresas, das agradáveis!!
Parabéns à Tuna Sadina pelo Acordes, pela simpatia com que sempre nos trata e pela boa disposição característica. Quem conhece, sabe que este festival tem a "cara" delas!!
"Setúbal é a Pérola do Sado,
Setúbal recebe as Fefés com espanto,
Setúbal tem o néctar desejado,
Setúbal fica rendido ao nosso encanto."