Não sei se já tive oportunidade de dizer isto aqui desta forma tão clara e transparente: sou profissionalmente extremamente realizada. Não obstante todas as maleitas características da profissão, dos momentos mais inglórios e desprovido de reconhecimento (mas há ainda alguma esperança de que isso aconteça?) eu tenho muito orgulho no que faço. Entendo que o leitor mais sensível censurar-me-á por não ter colocado uma mensagem inicial alertando para o carácter violento e desapropriado deste tipo de linguagem.
Na verdade por vezes é assim que me sinto: desadequada ao pensamento característico da atualidade. Talvez nesta minha atitude pese o facto de "o meu tempo" não ser muito diferente deste tempo. As dificuldades que há 8 anos existiam para quem entrava na profissão são praticamente iguais às dos nossos tempos. A diferença é que atualmente há mais gente, profissionais que já estão na carreira, a sofrer com essas condições e portanto o número de insatisfeitos cresce consideravelmente.
No meu caso o que me deixa extremamente chateada, mas não desmotivada, são aqueles que chamo de "professores de recreio" que, como todo o bom "treinador de bancada", tem uma opinião sobre o tema. No caso dos "treinadores de bancada" penso que é mais justo uma vez que todos temos acesso ao jogo através de visualização direta ou indireta e podemos concordar ou não com as opções/opiniões. Já menos justos são os comentários dos "professores de recreio" que não sabendo o que acontece na seio da Escola e menos na sala de aula opinam sobre tudo e todos. É isso sinceramente que me irrita nestes supostos "professores de recreio". Eles têm tantas caras como as opiniões que ajudam a comunidade a formar sobre a Escola e os Professores. O mais curioso é que eles são a própria Escola mas como estão demasiado ocupados a tecer considerações sobre o que sabem e não sabem sobre ela ainda não se deram conta isso. Esses tais ainda não se deram conta de que falar mal não substitui a ausência destes na vida da Escola; não substitui a sua ausência em reuniões em que é solicitado; não substitui o acompanhar do seu educando ou não substitui o desinteresse pelo percurso escolar deste. Como qualquer um, o professor de recreio precisa entender uma vez por todas que para ganhar o Euromilhões é necessário disponibilizar tempo para escolher as apostas e, como em todos os jogos, não desanimar a uma primeira derrota e voltar a tentar. A diferença entre apostar no Euromilhões e apostar na Escola é que na segunda aposta não podemos solicitar à máquina que escolha por nós, somos nós que temos de agir.
Se apostei 5 vezes no Euromilhões foi muito. Já no que diz respeito à Escola faço-o todos os dias. Vale a pena... eu pelo menos faço com que valha.
A próxima vez que ouvir falar da Escola, verifique as referências, veja se a informação é fidedigna.
Sem comentários:
Enviar um comentário