
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
Outra vez sobre o Regresso

sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Sobre os dias bons
Hoje vai ser um bom dia.
Preparo-me para o dia que agora chega. É mais um dia especial. Um dia a que tenho vindo a referir-me como uma celebração de talentos.
Sinto-me entusiasmada por falar, presencialmente, sobre a obra. É um momento simbólico, mas faço questão de o viver e de permitir que outras pessoas o vivam também: O Pirilampo e a Lagarta (que não queria ser Borboleta) vai ser apresentado, depois de muitos meses de trabalho por parte da equipa da Editora Oficina da Escrita.
Não sou escritora, mas escrevi este texto há uns anos. Escrevi-o de uma assentada e fazê-lo foi o mais fácil de todo este processo. Foi natural porque escrever sobre o que me rodeia e o que perceciono das experiências (interativas) à minha volta é algo que me dá muito prazer.
Nunca tive o objetivo de escrever um texto para ser publicado por uma editora. O objetivo sempre foi, e cada vez mais firmemente, contribuir para tornar um mundo melhor à minha passagem, utilizando os recursos e talentos que estão ao meu dispor ou desenvolvê-los o melhor que sei e consigo.
É neste contexto que surge a intenção de tornar público este texto: partilhar e contribuir. Chegar a esta conclusão não foi óbvio, mas num determinado momento soube que era o que teria que fazer: não obstante as mil dúvidas e inseguranças que assaltavam os meus pensamentos, o propósito era muito forte e, para estranheza minha, o texto era bom e a mensagem genuína.
Volto a ler o texto e questiono-me como é que continua tão atual. Como é que este texto pode traduzir tantas experiências e interpretações/inquietações sobre tudo o que nos rodeia. Questiono-me sobre os múltiplos papéis que nos permitimos assumir na nossa vida e que, consciente ou inconscientemente, também assumimos na dos outros.
Esta obra é uma homenagem a todas as pessoas com quem tenho tido o prazer de me relacionar e que têm trazido à minha vida outras perspetivas e brilho. É uma homenagem a todas as pessoas que são promotoras de aprendizagens. Esta obra é uma homenagem a quem brilha e é brilho. A quem transforma e se deixa transformar.Esta obra não é sobre este/a ou aquele/a. A beleza dela é que ela é sobre todos nós e sobre os outros (os nossos).
À medida que a obra chega aos leitores, e já está a chegar a muitos, recebo os retornos que generosamente me fazem chegar e percebo, claramente, que agora começa o verdadeiro desafio.
Sinto-me entusiasmada. Ainda agora está a começar.
Obrigada à Oficina da Escrita na pessoa da maravilhosa editora executiva, Letícia Brito. Não há ninguém que seja mais responsável por tudo isto estar a acontecer do que ela. A minha gratidão não tem limites. Obrigada por traduzirem em imagem a essência da obra. Nem nas melhores perspetivas do que tinha pensado para a capa estava este resultado.
Obrigada à família pelo entusiasmo que imprimiu a este projeto. A família é a base. Mesmo que nem sempre me tenha sabido expressar da forma correta, a família é a base. Nunca vou conseguir expressar de forma inequívoca a gratidão que sinto por tudo o que me proporcionaram, pelo exemplo que são.
Obrigada aos amigos. Àqueles que foram primeiros leitores. Aos últimos leitores. Obrigada aos amigos-entusiastas; aos amigos-companheiros; aos amigos-inspiradores; aos amigos-família. Sinto isto de uma forma tão genuína que até a mim me parece pouco natural. A última leitora do texto, antes de ser publicado, escreveu-me uma pequena nota/feedback onde me fez saber que "A tua escrita provoca uma sede de saber mais, curiosidade no que vem a seguir. Outra das coisas mais fantásticas que mais admirei é o facto de perceber que "sozinhos no nosso mundo" ficamos perdidos e limitados e apenas com a nossa visão das coisas [...]"
Estamos conectados e isso, quer entendamos ou não, é um dos nossos superpoderes.
Obrigada a quem vai partilhar a palavra comigo esta tarde. Obrigada pelo vosso aconchego e talento(s).
Por último, obrigada aos leitores. Aos que já leram e aos que ainda vão ler. Confio e acredito que ainda serão muitos.
Hoje vai ser um bom dia!
terça-feira, 24 de maio de 2022
Sobre a Coragem
co·ra·gem
(francês courage)
1. Firmeza de ânimo ante o perigo, os reveses, os sofrimentos. = INTREPIDEZ, OUSADIA ≠
2. [Figurado] Constância, perseverança (com que se prossegue no que é difícil de conseguir).
3. Exclamação usada para animar ou incentivar (ex.: coragem, vai correr tudo bem!).
"coragem", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/coragem [consultado em 24-05-2022].
Escrevo-o aqui, caro Leitor, mas nos últimos meses tenho-o repetido para mim própria como um mantra diário. Quando o repito sinto-me impelida a agir. Fazer com que realmente aconteça, independentemente das circunstâncias, do desafio, do grau mais ou menos possível ou impossível da sua concretização.
De todas as aprendizagens que tenho adquirido ao longo dos últimos meses, uma das mais importantes e que mais impacto tem tido na minha vida é a importância de me permitir ser corajosa. A coragem permite-nos fazer o que ainda não foi feito. Acreditar no que mais ninguém acredita. Estar determinado em fazer algo.
A coragem. Os pequenos atos de coragem transformam. Transformam-nos: a nossa forma de ser, de pensar, sentir e agir. Transformam o nosso mundo e, confirmo-o todos os dias, o mundo dos outros.
A grandiosidade de ser corajoso começa com o mais pequeno e simples dos passos: querer sê-lo.
Eu quero. E todos os dias trabalho para o ser. Pouco a pouco. Paulatinamente. De ação em ação. De feedback em feedback. Aproveitando cada oportunidade para adquirir experiência neste campo.
Imagine poder dizer que é um/a especialista em ser corajoso/a? Não seria maravilhoso?
Se tiver agora alguns minutos, peço-lhe que responda honestamente à seguinte questão:
Já alguma vez quis ter coragem?
Coragem para recomeçar. Para olhar para um desafio sob outro ponto de vista ou perspetiva.
Coragem para ter aquela conversa. Ir ao ginásio. Começar a cuidar de si. Levantar-se cedo. Conversar com aquela pessoa que o entusiasma ou por quem se sente atraído/a.
Coragem para ser melhor. Para pensar em grande e definir objetivos muito além do razoável (tão além que pouca gente acredita ser possível). Coragem para confiar em si ou para pedir ajuda.
Coragem para ser o/a primeiro/a a fazer algo ou para decidir, de uma vez por todas, não fazer.
Coragem para se responsabilizar pelos seus resultados e mudar o seu discurso interior.
Coragem para ser imperfeito. Coragem para ter coragem.
Deixe a coragem fora da lista de objetivos a longo prazo. Decida hoje que quer ser corajoso. Decida impregnar a sua vida de pequenas ações corajosas todos os dias. Decida hoje e faça-o: com o seu marido ou com a sua esposa. Com os seus filhos, sogros ou irmãos. Com o chefe ou com os seus colaboradores. Com os seus clientes, pacientes ou alunos/as. Em definitiva, decida sê-lo por si.
E se está indeciso/a por onde começar, dou-lhe uma pista e peço-lhe que responda a mais uma pergunta (hoje é a última, prometo!):
"O que é que vale a pena fazer mesmo que falhe?"
domingo, 10 de abril de 2022
Sobre Regresso(s)
a tod@s os que estão nos seus 100 metros,
a tod@s os que estão no seu 7.000 metros,
ao meu Eu do futuro.
Sempre gostei de desporto. De ver [bom] desporto e, em certa medida, de praticar.
Em setembro de 2016, depois de um crescente interesse pela corrida, conheci o Nuno Afonso. Foi aí que começou mais seriamente o meu gosto/paixão pelo desporto. Percebi que o desporto trazia-me aquela sede de satisfação que sempre padeci. O desporto e, de uma forma que viria a perceber passado alguns anos, o estabelecer objetivos. Nesse ano, pela primeira vez, estabeleci objetivos desportivos:
🎯 melhorar o meu tempo na São Silvestre (uma prova pela qual tenho um enorme carinho e continua a ser A minha prova de eleição) para menos 60 mn e
🎯 correr a minha primeira meia maratona - a de Lisboa - em março do ano seguinte.
Não cabe no objetivo de escrita de hoje falar sobre o processo. O Nuno Afonso tem os registos do meu diário de bordo sobre como foi para mim preparar-me para estes objetivos, sobretudo o da Meia Maratona.
Tudo certo - objetivos alcançados:
✅ São Silvestre 2016 - 50 minutos;
✅I Meia Maratona da Água - 1h54m onde acabei por me lesionar e comprometer o objetivo da Meia Maratona de Lisboa - 1h59m.
Chega setembro de 2017 e mudo de localidade por questões profissionais (os professores têm uma vida de lorde!). Vila Real de Santo António passa a ser a minha nova casa. Um ano desafiante sob vários pontos de vista: novos alunos, novas rotinas, duas escolas. Zero exercício. Zero. Passei de treinar todos os dias para deixar de treinar. Trabalhei muito e amadureci pessoal e profissionalmente.
Chego a janeiro de 2021 e quatro ano passaram sem qualquer tipo de exercício físico regular ou mais intenso. 4 anos cheios de aprendizagens.
Não é novidade para ninguém: o nosso cérebro protege-nos do perigo. Da novidade. Do que considera poder ser potencialmente perigoso. O nosso cérebro odeia novidade(s). Exceções. Novas perspetivas. E é por isso que ele fabrica os argumentos necessários para validar esse perigo. Ele fabrica e nós alinhamos, quase automaticamente, neles porque, afinal de contas, não temos o entusiasmo, estamos cansados, estamos sem energia, sem condição física (e não começar ajudar-nos-á a tê-la, certo?), porque não temos companhia, porque não temos calçado adequado, porque não temos o relógio XPTO, porque ainda não é o momento, porque ainda não temos vontade, porque...porque... E é assim que nos vamos mantendo confortavelmente na nessa zona simpática de conforto onde confortavelmente não nada acontece.
Como escrevi, num desses dias de janeiro decidi sair para correr. Antes tinha programado o meu relógio para fazer 2.000 em 20 etapas de 100 metros com um descanso de 40 segundos. Lembro-me perfeitamente deste dia. Perfeitamente. Lembro-me de ter o mesmo sentimento de quando cheguei à meta depois de correr 21 km. Sabia que tinha dado o primeiro passo: sair de casa e contra argumentar com o meu cérebro, entrando em ação sem negociar. Nos meses seguintes continuei de uma forma mais ou menos consistente: 250 metros; 500 metros; 750 metros, 1.000 metros.
Chega a junho e frequento os treinos da equipa do Triatlo de Faro. Em julho peço ao Nuno para ser o meu treinador de corrida. Se queria regressar à corrida/treinos tinha que ser uma vez mais pela sua mão. Ele hesita, mas com a minha insistência, começamos a treinar: todos os dias, exceto ao domingo ou ao sábado treinava alternadamente natação/corrida.
Em agosto, uma fascite plantar (esquerdo) obriga-me a acalmar os treinos de corrida e decido frequentar o ginásio. Faço 40 quilómetros duas vezes por semana para treinar enquanto estou a desfrutar dos meus quinze dias de férias (Ourém - Torres Novas - Ourém). Final de agosto retomo os treinos (de corrida) com mais entusiasmo. Saio às 06h para correr e invade-me um prazer fantástico pela corrida.
Em setembro, nova mudança de Escola (a 21 km) já programada e muito ponderada. Os treinos de natação em Faro ficaram para trás porque não conseguia conciliar. Os treinos de corrida continuavam paulatinamente com o acompanhamento do Nuno. Até outubro em que mais uma fascite plantar (direito) fez com que voltasse a parar. Desta vez, até janeiro de 2022. A adaptação à nova Escola foi fantástica (está a ser), mas o trabalho e a responsabilidade fizeram com que, uma vez mais, me dedicasse a 200 % e esquecesse o essencial. A base. Nunca mais aprendo, não é?
Em fevereiro de 2022, comecei a nadar na piscina antes de ir dar aulas. Março 2022, passei a ter uma rotina de treino: 2 km, 3km, 4 km (na loucura da long run!). Passei a apreciar cada treino, por muito que ficasse aquém do que já tinha feito ou do que queria fazer. Passei a nadar mais vezes e a levantar-me ainda mais cedo para correr 2/3 ou 4 km antes de ir diretamente para a piscina da cidade onde trabalho.
A foto que publico hoje é o meu treino de ontem. O mais longo dos últimos meses: 7.000 metros contínuos. Mais 4.000 metros alternados (750 corrida + 250 caminhada) + 6 rampas. Nesta foto estou a olhar para ela (a rampa) e a pensar “mas onde raio vou eu buscar a força para fazer isto?”. E pensei no que a querida e triatleta olímpica Melanie Santos me disse, já nem sei a propósito de que pergunta, há relativamente pouco tempo quando me deu o privilégio de trocar quase duas horas de conversa com ela: “estabeleces pequenas metas durante o percurso: é só até ali”. Salvaguardadas as distâncias entre ambas, de metro em metro, é só até ali. E foi.
Quero dizer com isto que, seja onde for que estejas. Seja qual for o desafio com qual te depares neste momento, não desanimes nos teus 100 metros ou nos teus 7.000. São teus.
Traduzem o teu esforço, o teu sacrifício, o teu trabalho. Não os compares. Sê persistente. Sê otimista. Confia no processo ou muda o processo.
Caso não resulte, muda-te a ti e a tua perspetiva sobre o processo. E principalmente, celebra.
Isto não é sobre corrida.
É sobre o que quisermos que seja. 💪🎯🏆🎽