quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Sobre a Despedida

Aos que já vi partir...
Disse em 2004 o então candidato às Presidenciais nos Estados Unidos, John Kerry, num programa de televisão, que devido ao facto de os seus pais estarem constantemente a mudar de cidade durante a sua adolescência, ele já estava imune à despedida.
De certa forma concordo com John Kerry. Depois de nos habituarmos à despedida, seja porque partem aqueles que amamos, seja porque somos nós a procurar outros "poisos" e outras oportunidades, acabamos por adquirir alguma imunidade perante essa situação de perda.
Mais cedo ou mais tarde ela [a despedida] acontece! Em diferentes momentos das nossas vidas conhecemos pessoas que, por um ou outro motivo, desempenham nela um papel fundamental. Com um sorriso sincero, um mimo terno, um alerta consciente e racional, uma palavra amiga, uma noite de copos, um jantar mais “regado” ou uma peripécia para mais tarde recordar, elas – essas pessoas – entram no nosso mundo e, de certa forma, mudam-no! Nesses casos a despedida, mais do que dolorosa, é ingrata. O pesar daqueles que voluntária ou involuntariamente partem é substancialmente diferente dos que, sem opção, têm de ficar. No pensamento fica, e isso ninguém nos pode tirar, o deleite das doces memórias e o desejo de um novo reencontro.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

"Quanto mais me bates...

....mais gosto de ti" diz a sabedoria popular.

O amor é realmente um sentimento estranho. Estranho e, acrescento, intemporal nos seus efeitos “primários”.
Se existem dúvidas sobre isso, veja-se um excerto do Dom João de Moliére de 1665 no qual Pierrot se queixa que Carlota, sua noiva, não lhe dá a atenção suficiente e conclui que ela não gosta dele:

«Carlota: E eu não gosto como deve de ser?
Pierrot: Não, quando se gosta, a gente vê e faz-se sempre umas momices às pessoas que gostamos cá do coração. Olha a Tomassa, como anda toda tontinha pelo seu Robim, anda sempre em volta dele a reliá-lo, nunca o deixa em paz. Sempre que passa por ele, prega-lhe a sua partida ou chega-le um sopapo. E no outro dia que ele se ia a sentar num banco, foi-lo tirar e ele caiu no chão ao comprido. Raios! Assim é que se quer bem (…)»


Simplesmente e deliciosamente actual!

Feliz Dia dos Namorados!