segunda-feira, 10 de junho de 2013

Os [Ines]quecíveis

No comentário anterior a este, de fevereiro, fiz referência a alguns dos adolescentes fantásticos que tenho conhecido. Há uns dias, em jeito de despedida, enviei um mail a outros 19 que há dois anos partilham a sala de aula comigo.

"Meus queridos,

Aquela nossa última aula foi tão estranha que quase não me lembro de ter acontecido. Penso que depois de trabalharmos ao longo de dois anos (ou um ano para o AP, JR e PL), de termos vivenciado e partilhado tantas experiências o mínimo que eu posso fazer, dadas as circunstâncias, é fazer-vos chegar através da escrita algumas considerações.
Obrigada!

É o que me apetece dizer 19 vezes seguidas! 

Como professora foi realmente um privilégio poder ter-vos na minha aula! Sinto-me muito feliz pelo trabalho que desenvolvemos ao longo destes dois anos! Sinto-me lisonjeada pelos vossos resultados, pelo empenho e trabalho que realizaram, pela evolução pessoal e académica que vi nestes dois anos. Parabéns, o mérito é vosso!

Vocês conseguiram dar-me a motivação necessária para eu nunca me acomodar, para trabalhar mais e planificar actividades diferentes. Para mim, uma relação pedagógica ideal é aquela que nós tivemos. Não duvidem de uma coisa: aquilo que se constrói na sala de aula entre alunos e professor/a é algo bilateral, ou seja, tem de envolver as duas partes para ter sucesso.


Sei que queriam ter visto mais filmes ou fazer uma viagem mas em relação à primeira, para a concretizarmos era necessário abdicar de outras atividades como o “Telediario” ou o “clase abierta a amigos” que tanto gostei/gostámos (digo eu!) de fazer! Em relação à segunda, eu também gostava muito de ter feito uma viagem convosco (se fizesse alguma teria que ser convosco!) mas garanto-vos, embora reconheça que possa parecer estranho, que o “sim” ou “não” em relação a uma eventual ida não dependeu de mim.


Mas eu não vos sinto apenas como alunos fantásticos (não falo apenas de testes ou notas mas sim de trabalho de aula, de empenho, de ser promotor de bom ambiente), sinto-vos como adolescentes com quem criei laços, com quem me preocupei, com quem me emocionei, sorri, partilhei situações pessoais, me surpreendi, me diverti, me chateei (este ano nem foram muitas vezes!). E é principalmente por isso que senti necessidade de vos escrever este e-mail. É por gostar de vocês, dos adolescentes que são, da vossa forma de estar e agir, dos vossos valores. Gosto sim, e muito! Gosto, tendo consciência dos vossos defeitos e das vossas qualidades, dos vossos dias bons e dos dias menos bons, dos dias divertidos e dos dias emocionados…

Espero também que tenham consciência do que são! Mesmo que não saibam exatamente o caminho que querem seguir, que saibam aquele que definitivamente não querem seguir. Sigam os vossos valores, aqueles que os vossos pais vos transmitem (não subestimem a experiência que os pais têm de educar!). São esses que a partir de uma determinada época da vossa vida vos vão definir, serão esses aqueles que dificilmente alterarão e que em algum momento da vossa vida farão a diferença.

Despeço-me neste já longo e-mail com um pedido: aqueles que assim o desejarem, não deixem de me dar noticias vossas! Gostava de continuar próxima e saber do vosso percurso, dos vossos sucessos e dos vossos fracassos.


Um beijo enorme a todos cheio de amizade e gratidão,
 

P.s.: Boa sorte para a próxima etapa que aí vem! Ânimo para o estudo e muita energia para conseguir pensar e escrever (nos exames) de uma forma clara!"
07/06/2013

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Vou sentir saudades deles, das suas peculiares características!