terça-feira, 25 de junho de 2024

Sobre Correr

[ou a arte de viver]

Num dos treinos das últimas semanas dei por mim a pensar em como correr se pode tornar uma metáfora da forma como decidimos viver.
O tema não é novo. Não é inédito. 
Correr é terapêutico. É empoderador. É a luta constante do isto não é para mim com o eu sou capaz
Nem sempre a passagem de  isto não é para mim ao  eu sou capaz é pacífica. Aliás, sabemos que não o é. 
Qualquer passagem, qualquer desafio com o qual nos enfrentemos é sempre conturbado, exigente e desesperante no seu início. Tremendamente compensador e reconfortante no fim. Tudo depende da forma como decidimos abraçar as diferentes fases do processo. 

Atualmente, considero-me uma corredora assídua, mas nem sempre esta assiduidade se revela de uma forma colaborativa. Nem sempre é espontânea ou agradável. Não. 
Se algumas vezes é leveza, é foco, é entusiasmo e desafio. Outras é puramente mecânico. É um número: de quilómetros, de ritmo, de altimetria, de dias (que faltam para a próxima prova). Outras ainda é desalento, desaire, desassossego. 
É uma e outra coisa. Nenhuma delas se exclui. 
É uma montanha russa de pensamentos e de sensações. O [meu] treinador pede-me que oiça o corpo, mais do que os pensamentos. É um trabalho árduo. 
Ouvir o corpo pode ajudar a estar mais presente no aqui e no agora e a ser mais objetivo, principalmente quando os pensamentos insistem em contrariar as sensações do corpo, mas estar focado no motivo que me levou a correr e a estar num processo de treino [acompanhado] é essencial para fazer o treino resultar.

Se deixar por um momento de pensar em corrida, pode adaptar isto a qualquer aspeto da sua vida. 
Não sei se correr é para todos, mas viver é, embora nem todas as pessoas o façam. O caminho nunca vai ser fácil. Pode decidir tornar-se mais forte e preparar-se ou pode desculpar-se com as condições (as que controla e as outras que não controla).  

Pode parecer irónico, mas sei exatamente do que falo. Sei porque num maior ou menos grau passo por isso. O trabalho nunca está finalizado. Nunca se está sempre motivado. O êxito [e o fracasso] são voláteis. 

Se eu poderia viver sem correr?
Podia, mas não seria a mesma coisa.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Sobre Finais

A eles, aos do 11º I


Querid@s alun@s,

Agora que estão a umas escassas horas de começar a vossa aventura pela avaliação externa, queria deixar-vos algumas palavras de incentivo. 

Independentemente do que esteja a passar-vos pelo pensamento nestes dias, de todas as interrogações sobre as vossas capacidades; de todas as lutas interiores sobre optar por descansar ou estudar para os exames, gostava de vos dizer que está ao vosso alcance conseguir seja o que for que queiram para a vossa vida e/ou o vosso futuro.


E quando digo que está ao vosso alcance, estou a referir-me exatamente à capacidade que acredito que têm de se responsabilizarem não só pelas vossas opções e prioridades, mas também pelos vossos objetivos, sonhos e desejos.
⏩Responsabilizem-se por tudo o que desejam e estabeleçam um plano para o conseguir. 
⏩Peçam ajuda a quem vos rodeia.
⏩Sejam honestos convosco. Não há ninguém que saiba melhor o que vocês querem do que vocês próprios (mesmo que não queiram decidir algo porque dá muito trabalho ou muitas chatices, a maioria de vós sabe bem o que pretende!).
⏩Não vale a pena olhar para trás para o que deveriam ter feito. Posicionem-se no presente (no agora) e atuem com base na experiência que já adquiriram: se o resultado não é o que pretendiam, mudem o processo (o plano) e, caso vos faça sentido, continuem focados no objetivo. 
Por vezes, no entanto, aquilo que nos levou a querer aquele objetivo já não nos faz sentido. Já está "ultrapassado" porque no processo de perseguirmos algo que queremos, também nos tornámos pessoas diferentes. Está tudo bem! Não temam voltar ao início e ganhar tempo para reformular as vossas prioridades. 
⏩Ajudem-se uns aos outros. 
⏩Sejam mais empáticos uns com os outros.
⏩Sejam mais generosos uns com os outros.


 Não se comparem. Cada um é único e intransmissível. É a forma como tratam os outros e o que fazem nesta vida que vos torna memoráveis, portanto desafio-vos a serem-no na vossa própria vida, convosco próprios e com os que vos querem.
Como disse no início deste e-mail, está ao vosso alcance conseguir o que for que queiram. Do muito grande ao ínfimo. Da ação hercúlea e que demorará mais tempo e consumirá mais energia, àquela que es pan comido.


Uma vez mais, são vocês que decidem. É da vossa responsabilidade.


Não reclamem. Não parem. 
Agradeçam. Trabalhem. Descansem. Organizem prioridades. Sonhem. Exercitem-se. Aprendam algo novo todos os dias. Ajudem alguém todos os dias. Façam algo que vos custe/seja difícil todos os dias. Digam a alguém que é especial quando encontram alguém especial. 


Sejam e principalmente vivam os pequenos e constantes momentos de felicidade diários. 


Aproxima-se uma época importante. Torço por cada um de vós. Pelos vossos planos. E junto-me a vós nesse nervoso miudinho. Como nas quase 500 horas de trabalho dos últimos dois anos, estou mesmo ao vosso lado pronta para aquele abraço.


Até já,


Inês