segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre a volta de 360º

O concerto está a um ano de acontecer mas, para mim, já se tornou inesquecível.
Estou a referir-me, como é óbvio, ao duplo concerto que os U2 darão no Outono de 2010 na cidade de Coimbra. Duplo, por enquanto, uma vez que está a decorrer no site da empresa promotora da banda, una petição para actuarem uma terceira vez no nosso país.
Depois do primeiro concerto ter esgotado em seis horas, para desilusão de milhares de fãs, o anuncio do segundo deu-lhes(nos) alento e esperança. Assim aconteceu comigo. Passei uma semana na expectativa de ficar agarrada ao computador no sábado e tentar comprar os bilhetes on line: os pais, o irmão e alguns amigos já estavam mobilizados!
Sexta-feira, 23 de Outubro, 17:40 da tarde ---» passo pela worten e decido ver como estão as filas para a compra de bilhetes. Queria, no fundo, ver até onde poderia ir o fanatismo. Sabia que, àquela hora, não podia querer milagres. Perguntei ao "organizador e promotor da fila" que me disse: "pode, se quer inscrever-se para os bilhetes pode, mas as probabilidades são mínimas". Em tom de brincadeira e, na desportiva (palavra de honra!), decidi pôr o meu nome e esperar. Esperei durante 18 horas sem saber se teria bilhetes. Os pais, o irmão e os amigos diziam: "és doida!"
Durante esse tempo, à hora certa, saíamos das nossas casas, improvisadas ou não, e dirigíamo-nos ao parque de estacionamento do Modelo para a chamada. Finda esta, regressávamos a casa até à hora seguinte. Os temas de conversa variavam entre a possibilidade de estar a esperar em vão, os concertos passados (cheios de emoção e espectáculo à mistura), o que se fará com eles: vender a um preço exorbitante ou não, ou simplesmente sonhar com o concerto. Este era o meu caso.
Sempre gostei, venerei, segui a banda. A recordações dos U2 levam-me constantemente a tranquilos lugares e a doces momentos. Ao som das suas músicas sonhei, pensei, criei, adormeci e, até, chorei(imagine-se!). As letras das suas músicas inspiraram trabalhos de inglês e de história. As palavras do seu vocalista inspiraram-me e tenho a certeza que o continuarão a fazer. Depois de me ter inscrito sabia que não podia voltar atrás. Sabia, também, que à semelhança do que aconteceu noutros momentos da minha vida, se estava ali, era para seguir em frente. Vi-me, então, como em outras circunstâncias: sózinha. Aquela espera significou a promessa (CUMPRIDA!) feita a mim mesma no Verão de 2005: ao próximo EU VOU!
A emoção e a juvenil euforia sentidas valeram cada minuto de espera pelo bilhete.
Resumindo e concluindo: consegui os últimos dois bilhetes e, se tudo correr bem, em Outubro de 2010 lá estarei. Eu e os mais 42 mil fãs...ou mais! ;)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a [boa] azáfama

Não há dúvida de que as aulas já começaram! Esta constatação, pensará o leitor, já vem tarde!
Talvez a deva considerar como um desabafo.
Não sei se é impressão minha a mas muito falada "azáfama" de inicio de ano lectivo, para mim, quase nunca tem um carácter sazonal. Com isto quero dizer que, ou é impressão minha, ou a "azáfama" não é só característica do inicio do ano mas também dos meses que se lhe seguem e, se pensar que já estamos com a primeira "fornada" de testes à porta, talvez diga que esta "azáfama" longe de terminar.
Não estou a voltar às queixas, antes pelo contrário. Gosto desta "azáfama" quando é regrada e quando me permite criar, trabalhar e pensar com tranquilidade, parafraseando o querido Paulo Bento. Neste aspecto, não consigo viver sem lhe sentir o toque!
O que a azáfama até agora não me tem permitido é dedicar mais atenção a este espaço e ao espaço dos queridos amigos que não visito há algum tempo.
Há tanta coisa para dizer, sentimentos e acontecimentos para partilhar.
Prometo que me organizarei melhor!

Sobre "silly days"

Há dias assim... Há dias que ao ver-me, vejo-te. Há dias que me esqueço e recordo-te. Há dias que me perco para logo te encontrar. Há dias que sou escuridão. Há dias que sou eu. Há dias que não sou. Há dias que acredito. Há dias que não tenho religião. Há dias que sei. Há dias que, pura e simplesmente, não quero saber. Há dias de Sol. Há dias de tempestade. Há dias que estou aqui. Há dias que sei que jamais estarás aqui. Há dias assim...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre a Rentrée

Setembro é, por excelência, o mês dos Estudantes, do regresso à azáfama escolar depois de dois meses sem aulas. Faro, por ser uma cidade que recebe universitários dos mais diversos pontos do país, não foge à regra. Esta mesma cidade que, nos meses de Verão quase se vê privada do corrupio característico das actividades estudantis, ganha vida, música e cor nestas primeiras semanas do mês.
Mesmo estando afastada das lides académicas, não pude deixar de comparecer na Semana de Recepção ao Caloiro da Universidade do Algarve que começou na passada segunda-feira, dia 21, e se prolonga até à próxima sexta-feira, dia 2 de Outubro.
O Largo de S. Francisco é, este ano, o palco escolhido para a apresentação dos caloiros à comunidade académica e lá desfilam orgulhosamente veteranos, académicos, mancebos e caloiros.
Para quem já conhece o espírito do Recepção ao Caloiro, sabe que é um espaço que privilegia o convivio e foi essencialmente por isso que na passada quarta e quinta-feira me desloquei até lá acompanhada das "minhas" meninas! Como sempre acontece, diverti-me bastante na sua companhia e reencontrei alguns amigos que já não via há algum tempo.
Combinam-se jantares e futuros reencontros, é a vida que volta à cidade!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sobre o Sonho

Hoje acordei com a sensação de que o meu sonho tinha, efectivamente, acontecido.
Como a noite anterior fora bem regada, procurei uma dor de cabeça ou algum mal-estar físico: vestígios de ressaca não existiam. Em mim e comigo só habitava aquela escabrosa sensação de inércia e apatia que, por mais que me esforce, não consigo explicar.
Levantei-me e fui, descalça como de costume, lavar a cara que, além de ter o vinco da almofada, não escondia a violência da noite anterior.
Sentei-me no confortável sofá da sala e olhei para o dia de sol. Mais descontraída, ou pelo menos com mais certeza de que já estava, realmente, acordada liguei a televisão e fiz um zapping pelos canais da Meo.
Sem qualquer aviso prévio, sem uma música, imagem ou atitude que o fizesse adivinhar, percebi que as lágrimas caíam copiosamente pelo meu rosto.
Foi exactamente nesse momento que voltei ao sonho, nele eu tinha-me apaixonado.
"Yo sueño que estoy aquí
destas prisiones cargado,
y soñé que en otro estado
más lisonjero me vi.
¿Qué es la vida? Un frenesí.
¿Qué es la vida? Una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño:
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son. "
Pedro Calderón de la Barca, La Vida es Sueño.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre a Mudança

Tenho-me referido a mim mesma como "um Ser-Humano insatisfeito por natureza". Não me parece que seja algo de extraordinário porque a insatisfação é uma característica que está inerente à condição do Ser-Humano.
Depois de quatro anos passados no "51", como carinhosamente foi sendo chamado o t3 onde, até ao final do mês viverei, decidi que estava na altura de mudar.
Neste espaço de excepcionais dimensões, senti-me verdadeiramente em casa. Nele moraram pessoas também elas excepcionais que tiveram para comigo uma simpatia extrema e uma amizade incondicional. Penso que foi recíproco!
Recordo-me dos amigos que se auto-convidavam para vir cozinhar cá a casa. Dos pequenos-almoços oferecidos depois de uma noite de copos na "Rua do Crime"; dos jantares de aniversário, dos lanches com o bolo de chocolate feito através de uma receita da net; da casa cheia em fim-de-semana do Moura Encantada; da sala que depressa de tornava no quartel-general do mesmo festival: cenário para filmagens, reuniões, "escritório".
Belos momentos, momentos INESquecíveis.
A Professora Doutora Maria de Lurdes Cabral, mulher de uma sensibilidade e inteligência fenomenais, numa das aulas destinadas à Didáctica das Línguas, fez referência à dificuldade que o Homem tem de mudar e de aceitar a mudança. Dizia-nos que o desconhecido é um obstáculo à mudança uma vez que temos a tendência para recear o que não conhecemos.
Neste momento em que estou "em mudanças", não deixo de sentir esse receio de quem parte para uma nova aventura sem mapa para se poder guiar convenientemente.
Na bagagem, extensa porque em quatro anos acumulamos, inevitavelmente, muitas "recordações", levo uma única certeza: esta mudança era premente.
É essencialmente isso que me motiva: saber e, sobre tudo, sentir que ela, mais tarde ou mais cedo, teria de acontecer.

Estou animada e feliz por não ter cedido ao comodismo mometário, sentimental e profissional.

Emmanuel Kant, filósofo alemão, diz que "Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço."
Se assim é, não tenho dúvidas de que o que vier a partir de Outubro será, com certeza, melhor!

domingo, 13 de setembro de 2009

Sobre a Caravana

Não me recordo da última vez que fui ao teatro mas o regresso foi extraordinário.
Ontem, após um convite da amiga Sara, que aceitei de imediato, fomos ao Teatro das Figuras, em Faro, ver a A Caravana posta em cena pelo Teatro Meridional, sobre o qual a Sara me tinha fornecido as melhores referências.
Ao longo dos sessenta e cinco minutos de duração da peça, o espectador envolve-se na história da Rota da Seda que tornou o Oriente e o Ocidente mais próximos. Esta história é contada através de pequenas histórias nas quais se revelam personagens fragéis, cruéis, apaixonados, decididos, visionários ou cómicos.
Numa viagem pelo espaço virtual do Teatro Meridional encontrei-me com uma espécie de sub-titulo da peça e, por rever nele o meu pensamento, transcrevo-o aqui: A Caravana é "Um espectáculo sobre a singularidade do indivíduo e a sua identidade colectiva."
A sonoplastia e o espaço cénico foram ingredientes importantíssimos que permitiram ao espectador penetrar nos meandros da concepção da seda e do seu transporte até outros países/continentes.
De Pequim a Veneza, a "seda" transforma o cenário e lá estamos nós, uma vez mais, a partilhar o palco com imperadores, mercadores e pastores. Cada um deles enuncia a sua própria "rota" individual, o caminho a percorrer entre si e o seu próprio ser. É esse percurso interior que faz nascer a identidade colectiva.
Caracteriza-se como uma companhia "vocacionada para a itinerância" e, por esse motivo, se o texto o interessou poderá consultar a agenda para o mês de Setembro e Outubro na página mencionada antes.
Aproveito, também, para referir que estará em cena, de 16 a 27 de Setembro, no Teatro Meridional a peça "A Casa de Bernarda Alba" de Francisco García Lorca pelo Teatro da Terra.
Nenhum momento melhor do que este para reflectir sobre a melhor rota a traçar nesta fase do caminho. Tenha eu lucidez e paz de espírito para a fazer.

sábado, 5 de setembro de 2009

Sobre a Morena.

Começou hoje, na Recreativa Rica - Olhão, o Rotas da Dança. É, segundo o meu ponto de vista, uma especie de festival de dança que combina workshops de Dança Oriental, Kizomba, Capoeira e Flamenco com gastronomia típica dos países e, à noite, apresentações ao público. O dinheiro angariado servirá para restaurar a referida Recreativa que precisa de obras, situação que me parece de uma nobreza extrema.
A cerimónia de abertura esteve a cargo de Denise de Carvalho, professora de dança oriental cujo CV não caberia neste espaço, Mirsalah e alunas da Recreativa Rica. O espectáculo foi belíssimo e quem até lá se deslocou não ficou desiludido e tenho a certeza que, como eu, voltará nos dias seguintes. Eu fiquei deslumbrada por vários motivos.
Em primeiro lugar, porque o espaço, a noite e a companhia (a aluna, a doce, a sorridente, a simpática, a divertida Neide) foram ingredientes imprescindíveis para o ambiente acolhedor da apresentação propriamente dita. Depois porque o talento, a graciosidade, o "profissionalismo" e coordenação das bailarinas, aliado às músicas, transportaram-nos para outra cultura.
Por último, e perdoe-me o leitor a opinião tendenciosa, porque a fantástica Denise de Carvalho estava lá. E, caro leitor, se conhecesse o trabalho dela, o seu talento e dedicação, saberia exactamente do que estou a falar.
Ela é Bailarina profissional, professora e coreógrafa; integrante do CID (Internacional Dance Council - Unesco); é Bailarina na Companhia Internacional de Dança de Hossam e Serena Ramzy; foi Professora dos Cursos de Primavera e de Verão, 2008, de Dança Oriental na Escola de Dança do Conservatório Nacional, entre muitas outras coisas.
Mas hoje ela é só a "Morena".
É sobre ela, uma das mulheres mais lindas que conheço (nas várias acepções da palavra), que escrevo.
Conheci-a através de uma amiga, não falámos muito mas tinhamos um pedido: actuar no I Moura Encantada. Sem grandes problemas, aquiesceu. Posteriormente, trabalhámos juntas e formámos, juntamente com a Sofia, a Irmandade da Sardinha Assada que tinha a sua sede na Cruz Vermelha Portuguesa - Faro. Foi um Verão em grande: muita sardinha, muitos almoços, muita sangria, muitas conversas. Enfim...puro companheirismo.
Somos vizinhas e vejo-a tantas vezes como vejo os meus pais (que moram a 300km) mas quando nos encontramos voltamos àquele Verão. O que interessa aqui é que ela tem estado nos melhores e piores momentos da minha vida aqueles que é tão difícil partilhar. Dela tenho ouvido palavras de compreensão, de ânimo ou de censura quando é preciso. O seu jeito, a sua ternura, o seu olhar doce, o seu humor, o seu mau-feitio de sagitário, o seu altruismo e, principalmente, a humildade com que lida com o sucesso cativaram-me e eu acho que, de alguma forma, a cativei também. Sou, por isso, uma privilegiada.
Obrigada "Morena"!!
O Rotas da Dança só termina no domingo e até lá pode ainda participar nas actividades ou provar a gastronomia.
Tenho a certeza que não se vai arrepender.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre (RE)começo(s).

Esta é uma época do ano em que, para alunos e professores, as expectativas se renovam.
Uns, porque esperam que seja um ano decisivo nas vidas e porque depositam (eles e os seus encarregados de educação) nele um novo ânimo. Tudo, para eles, contêm energia (muitas vezes ilusória ou superficial): novos livros, os cadernos (o material escolar em geral), os colegas (os que já conhecem e os novos) ou os professores (pelo menos alguns porque eles sabem reconhecer quem gosta deles, quem os respeita, quem por eles se esforça e trabalha!)
Outros porque vêm confirmadas algumas ansiedades típicas da profissão docente, nomeadamente a deslocação/permanência em escolas que foram da sua preferência. Para esses, tudo volta ao início: novos alunos, novos colegas, novos directores, novos funcionários, nova cidade, novos hábitos... Esses redobram a força, o entusiasmo, a paciência e a criatividade para inovar em mais um (re)começo do Ano Lectivo.
Dir-me-à o leitor que haverá excepções nuns e noutros. Não podia estar mais de acordo! Aliás, considero, que as excepções não só servem para confirmar a regra como também as podemos observar em todas as profissões.
Neste início de Ano Lectivo vale a pena deixar uma mensagem de optimismo e ânimo aos meus alunos e aos amigos "de circunstância" que fui conhecendo.
Sísifo
Recomeça…Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII
Bom Ano Lectivo!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sobre Covardia

O seu blogue está la lista dos Links Inesquecíveis e ele é o principal motivador de ter voltado a escrever de forma mais constante neste espaço.
Numa das visitas que costumo fazer ao Aquele Bagacinho, blogue que recomendo vivamente e cuja visita é quase obrigatória para quem gosta de ler boas histórias, deparei-me com um post que continha uma música que servia de "alerta" à(s) falsidade(s) que por aí circulam.
É sobre isso que escrevo hoje motivada pelo facto de, desde Julho, receber comentários insultuosos em relação à minha pessoa escondidos atrás de um confortável "anónimo".
A questão não se resume aos comentários insultuosos, assumo que até possam ser merecidos. Penso que o facto de serem dirigidos de forma gratuita e desprovidos de qualquer fundamentação lhes retira qualquer credibilidade e são reveladores de uma covardia tremenda.
Infelizmente, são muitos os "anónimos", com ou sem linguagem insultuosa, que nos rodeiam todos os dias.
Não me pretendo armar em moralista, não sou e tenho, como o leitor certamente terá, os meus telhados de vidro, mas parece-me que o insulto ocultado, dissimulado ou disfarçado não leva a lugar nenhum.
Bem, talvez até nos leve a algum lugar...
...lembro-me, neste preciso momento, de um texto que li sobre gestão de conflitos: na maioria das vezes, atacamos quem nos fez mal não com o objectivo de resolver o problema mas para sermos, momentaneamente, superiores a quem magoamos. Enfim, para experimentarmos o gosto da vingança. Espero, sinceramente, que esta alimente a frustração que parece sentir.
Suponho que as palavras deste suposto "anónimo" são reveladoras da sua inteligência mas, sendo eu uma mulher optimista, tenho a certeza que entenderá a mensagem.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobre o meu happy place

Noutro post falei dela de forma superficial mas hoje apetece-me dedicar-lhe alguma atenção. Não sei se o leitor se reconhece nesta experiência mas há certos lugares que têm sobre nós um poder incrível de nos inspirar e fazer sentir bem. Cacela Velha é um desses lugares. A minha relação com Cacela Velha é puramente de circunstância mas quem se debruça num fim de tarde sobre o promontório, atraído pela singela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, e tem como paisagem a Ria Formosa e o mar onde o verde e o azul das cores se confundem, não pode, nem consegue ficar indiferente. 

Há lugares assim. Há pessoas assim. Há momentos assim.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobre os amigos de circunstância

"...E foi então que apareceu a raposa: - Bom dia, disse a raposa. - Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira... - Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita... - Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste... - Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaste ainda. - Ah! desculpa, disse o principezinho. - Que quer dizer "cativar"? - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..." - Criar laços? - Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. [...] Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, far-me-à lembrar de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe: - Por favor... cativa-me! disse ela. - Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. - A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! [...]"
Antoine de Saint-Exupery, O Principezinho.
O local de trabalho é, por diversas razões, um local privilegiado para as relações interpessoais. Dizem alguns especialistas da sociologia das organizações que o contacto interpessoal [profissional e/ou pessoal] desenvolvido no seio das organizações é um dos aspectos mais importantes para a evolução destas . A Escola é um óptimo exemplo disso. Todos os anos as Escolas recebem professores oriundos de diferentes zonas da seleccionada. Naturalmente e de forma saudável, criam-se grupos por afinidades, gostos, conselhos de turma, localização geográfica, tempo disponibilizado na e para a escola...enfim, os critérios são mais que muitos. É a eles que dedico este post: àquele tipo de amigos que encontramos numa determinada circunstância e cuja amizade tem, à partida, os "dias contados". Como alguém lhe chamou hoje: aos amigos de circunstância. Confesso que conheci alguns [não muitos] de quem me tornei amiga mais próxima posteriormente. Penso que, de certa forma e utilizando a terminologia de Antoine S-E, cativei-os e eles cativaram-me. O "cativar" pode apresentar-se sob as mais variadas formas. Acho que a magia da amizade (de circunstância ou não) está exactamente aí: chega-se a si mesma quando é verdadeira. Não sei se as amizades de circunstância, deste ano, se vão manter para os próximos anos, não sei sequer se continuaremos a falar depois do regresso às cidade de origem. O que sei, e aquilo que realmente me importa, é que os momentos de convívio, os almoços no "Ciclista", os problemas inerentes à profissão e à própria condição de "deslocado", as reuniões de conselho de turma [caracterizadas por uma heterogeneidade estonteante], os almoços no Sr. Amaral, as saídas no MED ou os lanches em Cacela Velha acompanhados por um passeio de barco (que nunca cheguei realmente a fazer) e outras tantas circunstâncias estão, inequivocamente, destinados às boas recordações.
Aos amigos de circunstância da ESTavira, pelos bons momentos, boa-disposição e simpatia que tiveram para comigo.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Sobre 135 minutos com C1/C2

Já há imenso tempo que não tenho pachorra para escrever aqui. Portanto, se tem alguma expectativa em relação a esta mensagem deixe, neste preciso momento, de ter.
"Corrigir, ajuda; encorajar, ajuda ainda mais." (Goethe)
Goethe está na lista dos meus autores favoritos. Foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu. O romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de 1774 fez com que, mais do que nunca, ficasse adepta de alguns textos/autores da referida corrente literária. Concordo que seja um romance pessimista, exagerbado na paixão e no desespero também.
Não se apoquente o leitor, não venho falar de Literatura. O que me parece contraditório é um homem como Goethe, fruto de uma época que retrata o drama humano em todas as suas vertentes: amores trágicos e ideais utópicos, venha falar da importância de encorajarmos os que nos rodeiam! Confesso que, tendo em conta esta semana, este é um tema que me é muito querido. A verdade é que, estou totalmente de acordo com esta afirmação.
Hoje em dia, mais do que nunca, é importante motivarmos, encorajarmos os que nos rodeiam: aqueles que por motivos profissionais ou pessoais estão à nossa volta, partilham o mesmo espaço físico, as mesmas frustrações e ilusões, a mesma luta e entusiasmo.
O encorajar pode surgir de um sorriso, um abraço, uma palavra amiga, um elogio, uma crítica construtiva, uma atitude mais permissiva, uma mensagem no hi5... enfim, pode ganhar tantas formas como as que tivermos disponíveis.
Nunca ninguém faz algo totalmente errado nem é totalmente incompetente.
Aos meus alunos... por me motivarem e encorajarem cada dia, por fazerem desta selva o paraíso!